FOB-USP lidera novo Projeto Temático FAPESP em apneia do sono
Estudo visa identificar preditores morfofisiológicos do distúrbio e contribuir para o avanço do diagnóstico e da terapia personalizada. O projeto temático será desenvolvido pela FOB-USP em parceria com a FMBRU-USP, o HRAC/Centrinho-USP, o InCor HCFMUSP e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (UNC)
A Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP) foi contemplada para o desenvolvimento de um novo Projeto Temático FAPESP, modalidade de fomento que se distingue pelo caráter inovador, abrangência e maior duração da pesquisa, além da experiência, liderança e atuação do pesquisador responsável e equipe em redes internacionais de colaboração científica.
O novo projeto temático investiga a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), distúrbio caracterizado por interrupções recorrentes da respiração durante o sono, em populações com e sem fissura labiopalatina.
Segundo a pesquisadora principal responsável pelo projeto, Ivy Kiemle Trindade Suedam, o estudo busca compreender como alterações anatômicas, funcionais, hormonais e genéticas influenciam a gravidade da AOS e suas repercussões cardiovasculares.
“Serão avaliados quatro grupos de indivíduos, de diferentes faixas etárias, por meio de oito exames complementares, incluindo polissonografia, tomografia computadorizada 3D, rinofaringometria, bioimpedância, avaliações hormonais – do cortisol e melatonina – e avaliação genética por meio do exoma [um dos mais completos exames genéticos], que permitirá identificar variantes genéticas associadas aos mecanismos regulatórios da AOS”, explica Ivy, que é professora de Fisiologia da FOB-USP.
“O projeto empregará análises tridimensionais e de fluidodinâmica computacional para simular o fluxo aéreo nas vias respiratórias, integrando ciência básica, tecnologia e prática clínica”, destaca.
Relevância científica e impacto social
Ainda de acordo com a pesquisadora responsável, a iniciativa visa identificar preditores morfofisiológicos da apneia do sono, especialmente em indivíduos com fissura labiopalatina, e contribuir para o avanço do diagnóstico e da terapia personalizada.
“Os resultados esperados poderão impactar diretamente a reabilitação craniofacial, a medicina e a odontologia do sono e as políticas públicas de saúde, intensificando o papel da USP Bauru como polo de excelência em pesquisa translacional [aquela que conecta as pesquisas básica e clínica e a sua aplicação prática] e em inovação em saúde”, pontua Ivy.
Financiamento e interdisciplinaridade
Intitulado “Apneia obstrutiva do sono nas anomalias craniofaciais: gravidade da desordem respiratória e sua relação com as dimensões das vias aéreas e do complexo maxilomandibular, o comportamento do fluxo aéreo e os perfis cardiovascular, hormonal e genético”, o projeto temático terá vigência de cinco anos, de 1º de novembro de 2025 a 31 de outubro de 2030.
Ivy ressalta que o projeto foi contemplado com cotas de bolsas FAPESP nas modalidades Pós-Doutorado, Doutorado, Mestrado, Iniciação Científica e Treinamento Técnico (níveis 4 e 5), o que vem impulsionar a formação de recursos humanos altamente qualificados nas áreas de fisiologia, odontologia, medicina e engenharia aplicada ao sono.
Compreendendo uma colaboração interinstitucional e internacional, o projeto temático será desenvolvido pela FOB-USP em parceria com a Faculdade de Medicina de Bauru (FMBRU-USP), o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho-USP), o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (UNC, na sigla em inglês).

Parte do grupo de pesquisadores do projeto ‘Apneia obstrutiva do sono nas anomalias craniofaciais’. Foto: Divulgação/USP
Compõem a equipe interdisciplinar do projeto: Ivy Kiemle Trindade Suedam (Fisiologia FOB-USP), pesquisadora principal responsável; Carlos Ferreira dos Santos (Farmacologia FOB-USP), pesquisador principal; Daniela Gamba Garib Carreira (Ortodontia FOB-USP), pesquisadora principal; Marília Afonso Rabelo Buzalaf (Bioquímica FOB-USP), pesquisadora associada; Sergio Henrique Kiemle Trindade (Otorrinolaringologia e Medicina do Sono FMBRU-USP), pesquisador associado; Ana Paula Fukushiro (Fonoaudiologia FOB-USP), pesquisadora associada; Geraldo Lorenzi Filho (Pneumologia e Medicina do Sono InCor HCFMUSP), pesquisador associado; Amelia Fischer Drake (Otorrinolaringologia UNC), pesquisadora associada; e Ronald Strauss (Odontologia e Medicina Social UNC), pesquisador associado.
“A FOB-USP, instituição-sede do projeto, é reconhecida por sua excelência acadêmica e por abrigar centros de referência em pesquisa e inovação na área da saúde. Em parceria com o HRAC-USP, a FMBRU-USP, o InCor HCFMUSP e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (Estados Unidos), reafirma seu compromisso com a ciência translacional, a internacionalização e a formação de pesquisadores de alto impacto”, completa Ivy.

