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“Este é um modelo que queremos construir nos EUA”, diz professor sobre a FOB-USP

Professor Andrew Seth Greene (centro) e a musicista Marjorie Mitchell Greene são recebidos pelo diretor da FOB-USP Carlos Ferreira dos Santos (dir.) e vice-diretor Guilherme dos Reis Pereira Janson. Foto: Denise Guimarães.

O pesquisador Andrew Seth Greene, professor titular do Medical College of Wisconsin, EUA, veio ao Brasil para ministrar uma disciplina e proferir palestra na Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP). Na bagagem, toda uma trajetória de pesquisa sobre como os vasos sanguíneos são formados.

Mas o que era para ser uma oferta de conhecimento gerado no seio de uma conceituada faculdade americana para alunos e pesquisadores brasileiros acabou, também, inspirando um caminho inverso: “este é um modelo que queremos construir nos Estados Unidos”, revela Greene ao conhecer de perto o trabalho realizado na instituição paulista.

O que mais chamou a atenção do professor americano foi a interação existente entre a pesquisa básica e a prática clínica observada durante sua estada na FOB-USP. “Aqui o que vejo é uma conexão bastante íntima neste processo. Ao mesmo tempo em que os pacientes são cuidados, eles são envolvidos na pesquisa. E a pesquisa beneficia o tratamento propriamente dito”, narra.

Vasos sanguíneos

Green, que é bioengenheiro e pesquisador na área da Fisiologia, esteve no campus USP de Bauru, no período de 15 a 19 de abril, onde ministrou a disciplina “Métodos de Pesquisa em Fisiologia” para pós-graduandos da FOB e HRAC-USP. Também proferiu palestra, aberta à comunidade científica, sobre o sistema renina-angiotensina, particularmente em relação à Angiogênese.

Os estudos de Greene abordam, essencialmente, a formação dos vasos sanguíneos. “Isso é muito importante em muitas doenças. No câncer, por exemplo, muitos vasos sanguíneos são formados e no diabetes nós perdemos vasos. Então, nós estamos tentando entender como os sistemas corporais controlam a formação e o número destes vasos”, explica.

O convite para sua vinda ao Brasil partiu do professor Carlos Ferreira dos Santos, diretor da FOB-USP, do qual Greene foi orientador de doutorado “sanduíche” e supervisor de pós-doutorado no Medical College of Wisconsin.

Inspiração internacional

Esta é a primeira vez que Greene vem a Bauru, mas não ao Brasil. Ele esteve por aqui em 1998 como professor visitante do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-USP) e em 2002 na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) para participar da banca examinadora da defesa de Doutorado do atual diretor da FOB-USP.

“Eu quero dizer que quando fiz meus estudos no laboratório do professor Greene, nos Estados Unidos, tive a oportunidade de aprender muitas coisas com ele. Muitas técnicas que, num primeiro momento, pareciam não ter nada a ver com a Odontologia, minha área. Porque eu fui lá para fazer ciência básica, estudos moleculares, mas quando eu voltei para Bauru, percebei que tudo aquilo que ele tinha me ensinado eu podia usar para responder perguntas da Odontologia, da Fonoaudiologia e agora da Medicina, que temos aqui”, relata Santos.

Para o dirigente da FOB-USP, o grande desafio foi fazer, com sucesso, essa transposição. “Trazer tudo aquilo para cá, equipar um laboratório para que pudéssemos fazer com que a pesquisa desse um salto de qualidade em nosso campus, e isso eu devo a ele. E agora, ouvir isso, que a nossa instituição é um modelo a ser seguido, é muito gratificante”, revela.

Exemplo de liderança

Por outro lado, Greene, ao ver seu ex-aluno dirigir uma instituição da qual pretende se inspirar é “motivo de orgulho”. O estilo de administração implementado por Santos na FOB-USP, “que valoriza as pessoas, que trata as pessoas com muito carinho e respeito, e busca a qualidade, para mim este é o tipo de característica que precisamos nos nossos lideres. Isso me faz sentir que esta instituição está em ótimas mãos, e irá crescer ainda mais por isso”, devolve Greene.

Elogios mútuos à parte, a verdade é que a ciência sai ganhando com essa aproximação. “No passado tivemos projetos juntos, nós publicamos trabalhos juntos, e nós continuamos a publicar conjuntamente”, informa Greene. Atualmente, o professor Andrew Seth Greene integra um projeto temático, em sua área do conhecimento, na Fapesp, como professor associado.

Ao se despedir da entrevista, deixa um recado: “Eu gostaria de dizer para os alunos, se é que ainda não sabem disso, que eles estão sentados muito próximos de uma joia, muito preciosa, que é esta universidade e este campus. E sob uma liderança, como a do professor Carlos, que sabe fazer pesquisa junto com o cuidar humano, estão bem acima de muito que já vi em qualquer outro lugar do mundo, seja nos Estados Unidos, Europa, Ásia ou países da América do Sul”, finaliza Greene.

Música e Fonoaudiologia

Durante sua estada em Bauru, o pesquisador estadunidense esteve acompanhado da musicista Marjorie Mitchell Greene, sua esposa. Com especialidade voltada ao violino e canto erudito, Marjorie conheceu os projetos desenvolvidos pelo Curso de Fonoaudiologia da FOB-USP e reuniu-se com profissionais, professores e alunos no campus.

Para a musicista, existe uma correlação natural entre a música, a matemática e a fonoaudiologia. O trabalho de Marjorie Mitchell Greene trata a música como uma terapia que pode melhorar a saúde física e mental das pessoas e, como consequência, ampliam sua qualidade de vida, se sentindo bem e felizes.

Reportagem: Jornalista Luís Victorelli (MTb 21.656)