Alunas premiadas em Congresso Internacional de Pesquisa Odontológica
Duas alunas de Doutorado do Programa de Ciências Odontológicas Aplicadas, área de concentração Biologia Oral, da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP) receberam o prêmio “Colgate Research in Prevention Travel Award”.
O prêmio é concedido anualmente a seis alunos de todo o mundo que fazem pesquisa na área de prevenção de doenças bucais, sendo a primeira vez que duas alunas do Brasil recebem o prêmio simultaneamente. As pesquisadoras premiadas foram Samanta Mascarenhas Moraes e Tamara Teodoro Araújo.
A cerimônia virtual de premiação aconteceu no dia 22 de junho, durante o Congresso “International Association for Dental Research (IADR)” – Associação Internacional de Pesquisa Odontológica.
A 100ª Sessão Geral e Exposição do Congresso da IADR foi realizado de 20 a 25 de junho na China, e devido a pandemia o evento foi on-line.
Os trabalhos de pesquisa foram orientados por Marília Afonso Rabelo Buzalaf, diretora da FOB-USP e contaram com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
“A importância dos trabalhos para a FOB é que essa premiação reforça a excelência da pesquisa que é desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Aplicadas, e também o foco do nosso programa na inovação, uma vez que ambos os trabalhos envolvem avaliação de produtos desenvolvidos na FOB apenas, ou em parceria com outras universidades e com patente já concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) ou depositada”, afirma Buzalaf.
Os seguintes alunos da Biologia Oral da FOB, com a orientação da professora Marília Buzalaf receberam o prêmio “Colgate Research in Prevention Travel Award” ao longo dos anos:
Juliano Pessan (2008)
Juliane Carvalho (2009)
Melissa Thiemi Kato (2011)
Cristiane Baldini Cardoso (2012)
Tatiana Martini (2019)
Thamyris Carvalho (2021)
Samanta Mascarenhas Moraes e Tamara Teodoro Araújo (2022)
PESQUISA DE SAMANTA MASCARENHAS MORAES
O título do trabalho de pesquisa é “Prevenção e Remineralização de Lesões de Mancha Branca em Ortodontia: 12 meses de Acompanhamento”.
A cárie dentária apresenta-se inicialmente como uma lesão de mancha branca e se diagnosticada precocemente é reversível.
No tratamento ortodôntico essas lesões de mancha branca podem aparecer ao redor dos *braquetes já no primeiro mês, enquanto que em pacientes sem aparelho ortodôntico essas lesões de mancha branca costumam demorar cerca de seis meses para se tornarem visíveis.
*Braquetes são peças integrantes dos aparelhos ortodônticos fixos que atuam para movimentar e reposicionar os dentes.
Isso acontece porque a presença do aparelho ortodôntico dificulta a higienização e observa-se um maior acúmulo de placa bacteriana, o que aumenta o risco do paciente desenvolver cárie dentária.
Uma maneira de tratar essas lesões de mancha branca é a aplicação de produtos com alta concentração de fluoreto, como o verniz fluoretado.
Mas ainda não há na literatura um protocolo padrão para o tratamento dessas lesões em pacientes que usam aparelho ortodôntico fixo.
Devido a isso, o objetivo do estudo foi avaliar a efetividade do verniz de tetrafluoreto de titânio (verniz estudado) em comparação com o verniz de fluoreto de sódio (verniz convencional já usado em consultório odontológico) na prevenção e remineralização de lesões de mancha branca em adolescentes que estão em tratamento ortodôntico com aparelho fixo.
Foram apresentados os resultados parciais de acompanhamento de 12 meses com ótimos resultados para os tratamentos com ambos vernizes fluoretados, sendo que o verniz de tetrafluoreto de titânio apresentou os melhores resultados.
O verniz experimental de tetrafluoreto de titânio tem patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
A pesquisadora Samanta Mascarenhas Moraes ressalta a importância para a Odontologia de estudos clínicos como esse, que terá o acompanhamento pelo período de 24 meses.
Além disso, destaca-se a dificuldade de um estudo com acompanhamento a longo prazo sendo realizado durante a pandemia de Covid-19.
Moraes salienta a importância da pesquisa, tendo em vista que ao término do estudo será definido um protocolo para o tratamento das lesões de mancha branca em pacientes que usam aparelho ortodôntico fixo.
A pesquisa contou com a colaboração dos professores da FOB-USP: Daniela Gamba Garib, Ana Carolina Magalhães e Heitor Marques Honório.
PESQUISA DE TAMARA TEODORO ARAUJO
A pesquisa premiada de Tamara Teodoro Araujo foi “Cistatina derivada da cana-de-açúcar (CaneCPI-5) altera o perfil proteômico da película adquirida”.
O trabalho avaliou a incorporação de uma proteína sintetizada a partir da cana de açúcar com propriedades promissoras contra a cárie e a erosão dentária na película adquirida do esmalte, que é um filme orgânico formado na superfície dentária cuja uma das principais funções é evitar o contato direto do dente com os ácidos.
Foi realizado um estudo in vivo com 10 participantes que após uma profilaxia, bochecharam uma solução contendo a proteína (CaneCPI-5) e/ou água por 3 minutos ou 2 horas, para que a película adquirida inicial e madura fosse formada, respectivamente.
Os resultados obtidos neste estudo foram promissores para a odontologia. Foi observado que para o grupo que teve a película formada por 3 minutos, muitas proteínas com alta afinidade pela hidroxiapatita e que se ligam ao cálcio tiveram suas expressões aumentadas, quando comparadas ao grupo controle, o que pode sugerir um enriquecimento da camada basal da película após a incorporação da CaneCPI-5.
Por outro lado, a película de 2 horas apresentou um aumento em proteínas antibacterianas e ácido-resistentes, quando comparadas ao grupo controle.
Assim, acredita-se que a modificação da película com a incorporação desta proteína pode enriquecer a camada basal e ainda, alterar a composição das camadas subsequentes e, por fim, alterar os receptores bacterianos que irão contribuir para a formação do biofilme dentário.
O trabalho contou com a colaboração dos professores Flávio Henrique Silva da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Reinaldo Marchetto da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquista Filho” (Unesp).
Jornalista Marianne Ramalho (MTb. 15.744)